terça-feira, 21 de abril de 2009

Queridos Amigos


São Paulo, 21 de Abril de 2020.


Olá!

Sei que conversamos por esses dias, e esse reencontro me fez lembrar de tantas coisas do nosso passado.

Lembra quando éramos jovens e achávamos que a vida acabaria em instantes e por isso resolvemos viver tudo de uma só vez?

Resolvemos nos envolver com tudo e com todos que apareceram pela frente.

Tínhamos apenas vinte e poucos anos e achávamos que estávamos ficando velhos, sem sequer saber o que realmente representa a idade e sem perceber que um dia ela realmente chegaria fatalmente.

Plantamos boas sementes. Colhemos boas amizades e muitas marcas e cicatrizes.

Semeamos frutos que nos satisfizeram pelo menos momentaneamente, e que fizeram brotar consequências até os dias de hoje.

Conversando com vocês percebi o quanto fomos insensatos, por vezes imaturos, desequilibrados e como diríamos naquele tempo "sem noção".

É estranho ver tudo isso como um filme passando, me parece tão presente!

Não medimos consequências, simplesmente nos deixamos levar, nos deixamos sentir, nos deixamos viver.

Se valeu a pena?

Não sei.

Creio que poderíamos ter poupado muita exposição e muito sofrimento. Era possível ter nos preservado mais, era possível viver bem e não ter batido tanto a cabeça.

Digo isso, pois algumas dessas marcas e cicatrizes que colhemos ainda me doem, olhando pra elas eu as revivo com tanta intensidade...Será que é assim com vocês também?

Hoje percebo o quanto éramos guiados pela vontade de ter um amor para chamar de nosso. Tínhamos preocupações com carreira, grana, família, amigos, mas o amor verdadeiro permeava todas as áreas de nossa vida, pelo menos a procura por ele. Como fizemos bobagens em razão de não tê-lo, e como batemos a cabeça à caça dele.

Valorizávamos o que não tínhamos, agora que o temos, nem nos importamos tanto.

Aquelas lágrimas já não rolam mais, nem aqueles sorrisos, afinal somos a todo tempo regenerados, renovados...

Hoje nosso corpo se manifesta com o mesmo conteúdo, mas de formas diferentes frente as situações da vida.

Tomara que nossos filhos, que hoje já são quase jovens tenham mais sabedoria que nós. Que eles tenham mais inteligência, mais histórias pra contar e mais amor próprio.

Tomara que tenham menos arrependimentos, que sejam menos fúteis e impulsivos, e tenham bem menos dessa sede insaciável que tínhamos e que acabava determinando nossas atitudes.

Oxalá, eles vivam tudo no tempo certo e que encontrem seu caminho no tempo certo também. E que não pensem encontrar o que precisam numa noite de "balada" (eu nem sei mais como os jovens dizem isso hoje em dia).

Mas "a cada um cabe alegria e a tristeza que vier".



O Beijo

2 comentários:

disse...

São Paulo, 22 de abril de 2020.

Cara Priscila (ou, como diria um professor da faculdade, Priskadinha),

mesmo depois de tantos anos, você continua pensando como os pais da nossa geração: "vamos poupar nossos filhos de todas as maldades do mundo", sem refletir que, se não tivéssemos passado por tudo aquilo, hoje não seríamos nós. Acredito que devamos ensiná-los da melhor maneira possível toda nossa experiência e deixar que eles escolham, assim como nós, em qual local ele dará a cabeçada: se no poste ou no travesseiro.

Mesmo depois de 11 anos, estar perto de seu sorriso fácil é um presente. E ainda amo você e nossas conversas intermináveis.

Priscila Ferreira disse...

Concordo, por isso que o final foi, "A cada cabe alegrias e tristeza que vier"...as escolhas são deles.