sábado, 28 de fevereiro de 2009


E quem disse que uma linda história de amor precisa ter final feliz?

Aliás, quem falou que final feliz necessariamente é um final "junto"?

Privilegiados são os amantes.

Que viveram grandes histórias, inenarráveis momentos.

Que passaram longas noites de amor.

Que enfrentaram juntos, dificuldades familiares, mortes, escassez financeira.

Que puderam passar por aquele período de adaptação desgranhento, onde se implica por cada tolha molhada em cima da cama.

Bem aventurados os que puderam andar de mãos dadas no parque, ir ao cinema escondido e receberam um torpedo de madrugada, dizendo o quanto se tem saudade.

Cada caso tem seu final feliz.

Nós é que criamos finais rotineiros, sistemáticos e eternos.

Cada história toma seu rumo, são as nossas veredas que nos impedem de aceitar a felicidade de cada fim.

Quantas pessoas vivem juntas há 40 anos e não viveram o que muitos viveram em um mês ou em uma noite.

Quantos casais estão juntos por comodismo e há tempos não passam um final de semana curtindo a companhia, o corpo e o riso do outro, tão intensamente como constantemente acontece entre os recém-apaixonados?

Você troca muitos e bons momentos por uma vida duradoura e medíocre?
Porque não dar valor maior ao que foi vivido e anular o peso do que nem se viveu?


Pergunto: A quem pertence o poder de tornar o amor imortal?
.

.

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Respondo: aos amantes que o viveram.

Não é o relógio cronológico.

É o gravador do peito, o termômetro da pele, o raio-x dos olhos, o captador dos ouvidos...

Aceitar o fim de uma linda história de amor, não tem que ser triste nem desastroso, é o curso natural da vida.

O final torna-se triste quando queremos prolongá-lo mais do que se deve, quando insistimos em não querer viver esse final.

Toda boa história tem seu início, seu meio e seu fim, não dá para contrariar a natureza.

Algumas precisam terminar, para que outras melhores possam começar. A música Monalisa do Jorge Vercilo tem uma frase fantástica "Não se prenda aos meus amores de antes, todos tornaram-se pontes pra me levar à você".

Cada história de amor vivida e bem aproveitada nos torna melhor para próxima, mas a próxima só vem quando a anterior termina.

Sábio Nando Reis em Relicário: O horizonte anuncia com o seu vitral, que eu trocaria a eternidade por esta noite.

Vivamos até o limite, tudo que passa do limite, ultrapassa a naturalidade.

O Beijo

P.S.: A Foto é do filme, Um Amor Para Recordar. Já assisti incontáveis vezes, não é uma história de final feliz, mas é uma história de um amor inesquecível e eterno. Quem pode dizer que não?

6 comentários:

disse...

Concordo contigo, amore. Na verdade, demorei um pouco para entender isso. Acho que só quando passamos por isso é que entendemos... A vida nos é dada, a capacidade de amar e de sermos amados também, e o que a gente faz com isso?
Eu também, como o Nando Reis, trocaria a eternidade de um relacionamento cheio de máscaras e de desamor por essa noite proporcionada por duas pessoas que decidem tentar compartilhar o que cada uma tem de melhor, sem se preocupar com o tempo que isso vai durar, mas com a qualidade do que é oferecido no tempo em que se estará junto.

Amo vc. Adoro seus textos.

Um peculiar Desvario disse...

Quanta verdade...

Na voracidade de uma relação vivida por um casal que se entende, que se quer, e que se ama (ou não...rs).

O problema é esse mesmo, viver tentando ressuscitar o morto, onde o novo está apontando para um futuro promissor repleto de felicidade não obstante as futuras agruras.

Texto excelente mana...

Alê disse...

Por mais que se ainda tenha amor não dá prá insistir quando não houver mais completude. Quem ama sabe seus limites, e sabe que independente do motivo pelo qual o amor esvaiu, foi feliz.

Dani disse...

Entendemos! Todos entendemos. Dificil é aceitar. Eu não aceito.

Alê disse...

Lmbrei de uma coisa:

" Que não seja imortal
posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure"

traduz.

Pequena disse...

O difícil é acabar com a história aqui dentro.