sábado, 10 de janeiro de 2009

Terça- feira ensolarada


Para celebrar dois anos de relacionamento, decidiram passar o dia todo juntos, desde as primeiras horas, era terça-feira ensolarada.

Eles deram um jeito por lá.

Resolveram tomar um café da manhã naquela padaria charmosa.

Ele queria mesa, ela preferiu o balcão mesmo.

Ele vestia calça jeans, tênis e uma camiseta lilás que ela havia dado a ele de presente sem ocasião especial.

Ela uma calça de linho cáqui, uma blusinha sem manga coladinha no corpo branca, sandália rasteirinha, cabelos presos e ainda de óculos escuros, a claridade daquela ensolarada manhã de terça-feira a incomodava.

Sentaram-se no balcão, ela um expresso grande e um croissant de queijo branco, ele um chocolate gelado grande e um pão na chapa. Um não, dois. Enquanto o pedido não vem ele acaricia seus braços desnudos, fica olhando as marcas que a natureza lhe proporcionou tão lindamente. Ela passa a mão na face de seu homem , e apenas olhando diz: Você me faz muito feliz!

Naquela manhã de terça-feira tão ensolarada, ali, degustando de seu alimento matutino, ele reconheceu o dono do estabelecimento, um português simpático, seu amigo de adolescência e juventude, há anos não se viam.

Viraram seus banquinhos de balcão, ele os apresentou, disse que era sua namorada, mas não comentou o motivo de estarem ali, pela manhã de uma ensolarada terça-feira.

O papo rendeu e ficaram ali conversando durante longos minutos, ela muito falante e extrovertida engatou no papo com o dono da padaria, conversaram sobre a profissão, namoro, casamento, filhos, felicidade, homens, mulheres...

Ele a olhava com aquele sorriso lindo que formava sua mais bela covinha, só olhava, observava enquanto o papo engatava sem previsão de término, pareciam amigos de longa data.

Ele sorrindo fazia uma retrospectiva de seu relacionamento.

Sorrindo e olhando, constatava o quanto era feliz por ter alcançado tamanha maturidade em seu relacionamento.

Sorrindo, olhando e ouvindo o som daquela voz que aos seus ouvidos era música pensava o quanto era linda àquela mulher que estava ao seu lado, lembrava dos perrengues e dificuldades que haviam passado juntos no decorrer desses dois anos, lembrou daquela vez que quase terminaram por causa da mãe dele e ele se desesperou e aquela outra que brigaram feio por ela ter achado ainda a foto da ex em seu apartamento.

Quanta bobeira! Pensava.

Sorrindo, olhando, ouvindo e sentindo aquela presença tão única que o fazia tão bem, ele declarava que ela era a mulher mais linda do mundo, mesmo que cheia de sardas, seios pequenos, celulites, mesmo que ela tivesse muitos pelos nos braços (mais que o normal), mesmo com estrias em várias partes do corpo, mesmo com aquela gordurinha se avolumando na cintura, mesmo sua unha nem sempre feita, ela era a mulher mais linda do mundo por causa daquele brilho dos olhos, do movimento de sua boca falando, da levantada de sobrancelha mais charmosa que conhecia.

Sorrindo, olhando, ouvindo, sentindo e querendo ele orgulhava-se daquela mulher inteligente que conversava ali horas a fio com alguém que nem conhecia, admirava-a pela versatilidade dessa mulher, pela inteligência, pela forma com que entrava e que saía das mais diversas situações, pela elegância natural de seus movimentos, por saber se colocar onde quer que estivesse, a admirava por suportá-lo tanto tempo e ainda assim o amar, ela não era qualquer mulher, era a melhor que a vida havia selecionado dentre tantas para lhe presentear. E ali sorrindo, não entendia as teorias machistas de seus colegas de ofício a respeito de casamento e compromisso assumido, porque ali parado sorrindo, não conseguia sequer imaginar sua vida sem aquela mulher e sem aquela sensação maravilhosa que ela lhe proporcionava.

Sorrindo, olhando, ouvindo, sentindo, querendo e viajando concluía como ela o fazia feliz, não por ter nada muito especial, simplesmente por ser ela mesma, simplesmente por estar ali naquela manhã ensolarada de terça-feira, e por estar em sua casa e em sua cama sempre que possível, sempre que preciso.

Sentia que ela o completava, precisava de sua cumplicidade e não podia a perder por nada nessa vida, pois ela dava a ele estabilidade, ela dava a ele equilíbrio, paz, normalidade em meio à vida de loucura, ela era sua companheira mais leal, sua parceira nas doidices que aquela mente muitas vezes havia arquitetado, a companhia ideal para viagens programadas ou inusitadas.

Ela dava a ele aquele brilho especial em seu sorriso e em seu olhar.

Não se sabe exatamente quanto tempo ele ficou ali, sorrindo, olhando, ouvindo, sentindo querendo e viajando, só pude observar que num dado momento da conversa, ele aparentando certa pressa, disse ao português, que precisavam ir.

Passaram no caixa da padaria, ela pagou as duas comandas, deram um beijinho enquanto estavam na fila, entraram no carro e foram embora.

O português os companhou até a saída, ficou observando o carro do casal se distanciando, e ficou pensando que o amigo tinha uma mulher e tanto e que se arrumasse uma dessa, o pá! Ele se amarrava sem pensar duas vezes. Certeza!

Foi um prazer recebê-los, voltem sempre!

4 comentários:

disse...

Ano que vem essa história vai ser verdade em NOSSAS vidas!!! (ao menos, pelo seu sonho do post anterior,,,, ebaaaaaa,,,,akakakakakk).

Liiiiiindo texto.
bjs

Pequena disse...

Será que algum dia eu vivo isso??

Priscila Ferreira disse...

Vive, vive sim!!

Hahahaha....

Anônimo disse...

Faltou o final, Pri ...
E ela virou para o lado, caiu da cama e acordou!!!
Casos assim, só em sonho, novela ou filme merecedor de Oscar, viu? rs